Em as Pontes de Madison--original, The Bridges of
Madison Country--dirigido por Clint Eastwood, nos é mostrado que nunca
decifraremos esse infindável mistério.
Belíssimo filme, com um cenário verídico, carregado de
romantismo e realismo. As famosas pontes cobertas de Madison, em Iowa, tão
charmosas na sua simplicidade, são o pano de fundo para uma incrível sintonia
de Clint Eastwood e Meryl Streep. Atuam de maneira tão sublime. Ao final, fica
aquela sensação de quero mais, e até uma suave esperança de que a vida um dia
nos presenteie com um amor intenso e verdadeiro.
Robert, um charmoso fotógrafo da 'National Geographic', foi encarregado de fotografar as
belas pontes. Chegando em Madison, perde-se na pacata cidade do interior à
procura das pontes, mas o destino se encarrega de colocar à sua frente o futuro
amor de sua vida.
Francesca, é uma dona de casa com a vida monótona,
com sonhos já tão esquecidos, massacrados com a realidade de vida tão diferente
do almejado. Na ausência do marido e
filhos, que foram participar de uma feira agropecuária em outra cidade, está sozinha em casa, compenetrada
a cumprir sua rotina de afazeres
caseiros, quando, de repente, o inesperado acontece: Robert chega em sua porta
à procura de informações de como chegar às pontes.
É ali, no primeiro encontro de olhares e poucas
palavras, até tímidas, que se revela o instantâneo início de uma paixão.
Francesca se oferece para mostrar-lhe o caminho das pontes, e a partir daquele
momento, assistimos ao início de um sentimento tão verdadeiro e profundo que
será vivido em apenas quatro dias, mas mudará completamente o rumo da alma de
ambos. Nesse curto espaço de tempo Robert e Francesca vivem a certeza que se
espera por uma vida inteira-- a realização do desejo que nutrimos, o encontro
de almas. Como costumo dizer, é encontrar o "Elo Perdido" que
inconscientemente buscamos.
Mas os quatro dias terminam, e vem o encontro abrupto
com a inegável realidade de suas vidas. A partir daquele momento presenciamos a
aflitiva decisão que Francesca terá de tomar. Uma
decisão para a vida toda, com perdas e
ganhos.
Só há duas alternativas: fugir com Robert, abandonar
sua história, sua vida, filhos e viver seu grande amor, ou--voltar a sua vida
"regular", mas a que preço? Sonhos encerrados, uma vida fadada à
solidão acompanhada, sem paixão, sem amor.
Baseado nisso, vêm-me à mente algumas perguntas: será
possível voltar à sua realidade, com o amor agora presente em seu coração? Ou
será possível ser feliz ao lado de seu amor,
sabendo que destruiu a alma de seus filhos, abandonado-os para viver o
amor esperado pela vida inteira?
Meu enfoque não é a questão moral, minha reflexão é o
sentimento chamado amor. Quantas vezes se tenta encontrar o amor de nossas
vidas... mas "As Pontes de Madison" mostra que é o amor que nos
encontra.
Será o destino? Será algo mais profundo e espiritual?
Que faz de ocasiões invariavelmente simples e corriqueiras seu cenário, e de
pessoas inesperadas o seu lugar?
Para encontrá-lo, basta não o estar vivendo. Penso que
nosso desejo pelo amor, assim como
nossos sonhos e desejos mais ocultos, não envelhece, nunca se vai... nem o
tempo será capaz de levá-lo.
Sobre o amor, eu
repetiria a frase citada por Platão: "Só sei
que nada sei". Mas estou convencida de que o amor é o encontro de
almas... o encontro de sentimentos do âmago, que não se esgota com o
passar do tempo. Nós o carregamos por onde formos... é a sensação de que
nossa vida começa ali e também ali termina.
Neste filme assiti à transformação da paixão em amor. Profundo, sincero, e capaz de sobreviver à distância, à ausência e até ao abandono.
Neste filme assiti à transformação da paixão em amor. Profundo, sincero, e capaz de sobreviver à distância, à ausência e até ao abandono.
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