03 maio 2016

E do amor, o que sabemos?

 
Em as Pontes de Madison--original, The Bridges of Madison Country--dirigido por Clint Eastwood, nos é mostrado que nunca decifraremos esse infindável mistério.
Belíssimo filme, com um cenário verídico, carregado de romantismo e realismo. As famosas pontes cobertas de Madison, em Iowa, tão charmosas na sua simplicidade, são o pano de fundo para uma incrível sintonia de Clint Eastwood e Meryl Streep. Atuam de maneira tão sublime. Ao final, fica aquela sensação de quero mais, e até uma suave esperança de que a vida um dia nos presenteie com um amor intenso e verdadeiro.
 Robert, um charmoso fotógrafo da 'National  Geographic', foi encarregado de fotografar as belas pontes. Chegando em Madison, perde-se na pacata cidade do interior à procura das pontes, mas o destino se encarrega de colocar à sua frente o futuro amor de sua vida.
 Francesca, é uma dona de casa com a vida monótona, com sonhos já tão esquecidos, massacrados com a realidade de vida tão diferente do almejado. Na ausência do marido e  filhos, que foram participar de uma feira agropecuária  em outra cidade, está sozinha em casa, compenetrada a cumprir  sua rotina de afazeres caseiros, quando, de repente, o inesperado acontece: Robert chega em sua porta à procura de informações de como chegar às pontes.
 É ali, no primeiro encontro de olhares e poucas palavras, até tímidas, que se revela o instantâneo início de uma paixão. Francesca se oferece para mostrar-lhe o caminho das pontes, e a partir daquele momento, assistimos ao início de um sentimento tão verdadeiro e profundo que será vivido em apenas quatro dias, mas mudará completamente o rumo da alma de ambos. Nesse curto espaço de tempo Robert e Francesca vivem a certeza que se espera por uma vida inteira-- a realização do desejo que nutrimos, o encontro de almas. Como costumo dizer, é encontrar o "Elo Perdido" que inconscientemente buscamos.

 Mas os quatro dias terminam, e vem o encontro abrupto com a inegável realidade de suas vidas. A partir daquele momento presenciamos a aflitiva decisão que Francesca terá  de tomar. Uma decisão para a vida toda, com perdas e ganhos.
 Só há duas alternativas: fugir com Robert, abandonar sua história, sua vida, filhos e viver seu grande amor, ou--voltar a sua vida "regular", mas a que preço? Sonhos encerrados, uma vida fadada à solidão acompanhada, sem paixão, sem amor.
 Baseado nisso, vêm-me à mente algumas perguntas: será possível voltar à sua realidade, com o amor agora presente em seu coração? Ou será possível ser feliz ao lado de seu amor, sabendo que destruiu a alma de seus filhos, abandonado-os para viver o amor esperado pela vida inteira?
 Meu enfoque não é a questão moral, minha reflexão é o sentimento chamado amor. Quantas vezes se tenta encontrar o amor de nossas vidas... mas "As Pontes de Madison" mostra que é o amor que nos encontra.
 Será o destino? Será algo mais profundo e espiritual? Que faz de ocasiões invariavelmente simples e corriqueiras seu cenário, e de pessoas inesperadas o seu lugar?
 Para encontrá-lo, basta não o estar vivendo. Penso que nosso desejo pelo amor, assim como nossos sonhos e desejos mais ocultos, não envelhece, nunca se vai... nem o tempo será capaz de levá-lo.
 Sobre o amor, eu repetiria a frase citada por Platão: "Só sei que nada sei". Mas estou convencida de que o amor é o encontro de almas... o encontro de sentimentos do âmago, que não se esgota com o passar do tempo. Nós o carregamos por onde formos... é a sensação de que nossa vida começa ali e também ali termina. 
Neste filme assiti à transformação da paixão em amor. Profundo, sincero, e capaz de sobreviver à distância, à  ausência e até ao abandono.

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